sexta-feira, 22 de julho de 2011

Baterista Estakazero: mensagens revelam a indignação com o crime


Nem a música, a alegria e o amor pela vida do baterista Paulo César Perrone, 32 anos, exibidos em sua página de Facebook, foram capazes de protegê-lo da onda de violência que toma conta de Salvador. O crime mobilizou amigos e músicos de duas maneiras distintas. De um lado, a tristeza. Do outro, a revolta.
“Que tristeza meu Deus, um amigo e um caro trabalhador” e “estou assustado com Salvador”, foram tweets postados por Froza, atual vocalista da banda Rapazolla. O fotógrafo Rafael Kent, também usou a rede social para expressar a indignação. “E quando a patifaria em Salvador machuca um amigo teu? E nego ainda quer Copa! Que Copa?”, postou ele no Twitter.
Perrone foi vitima de uma suposta saidinha bancária, na tarde de terça-feira, no Caminho das Árvores. Segundo testemunhas, dois homens em uma motocicleta abordaram Perrone, que dirigia um Uno verde e, em seguida, o balearam na cabeça.
Cirurgias  
O músico, que já havia passado por uma cirurgia para retirada da bala, foi submetido ontem a um novo procedimento para drenar um sangramento na cabeça, identificado através de  tomografia. Agora, ele segue em unidade de terapia intensiva, no HGE, em estado grave.
Em seu facebook, o músico, descrito pelos amigos como “um ser humano fantástico”, tem em um de seus álbuns de fotos o título “Viver é Bom Demais!”. Nas suas citações favoritas, a música Paciência, do cantor Lenine, que termina com a frase  “a vida é tão rara, tão rara...”.  Uma prima de Paulo César, que não quis se identificar, contou que a família do músico está em estado de choque. “Ele é um rapaz supertranquilo e foi vítima de um crime absurdo como este. Mas estamos com esperança de que ele consiga sair dessa vivo”. 
Cleide Leite, funcionária da mãe de Perrone e amiga da família, afirmou ter apenas coisas positivas a dizer sobre o baterista. “Ele é muito pacato, alegre, astral lá em cima, superprestativo e tem uma educação maravilhosa”, conta. 
Segunda a assessoria da banda Estakazero, na tarde do crime, mais de 50 músicos foram ao hospital para buscar informações sobre o estado de saúde da vítima. Perrone, que trabalhava há mais de um ano com o grupo, também já tocou com bandas como Forró no Kilo, Dr. Kifura, Filhos da Mãe e cantores como Pablo Dominguez, e Márcio Mello, que estava revoltado com a situação da cidade. 
“Tenho 44 anos e já perdi três amigos assassinados em Salvador. Tá cada dia mais difícil isso”, disse. O técnico de som Richard Meyer, que trabalhou na  Estakazero por sete anos e indicou o músico, contou, emocionado, que ele está construindo uma casa na estrada do CIA. “Conheço Perrone há dez anos. Ele é muito família e nunca o vi bebendo ou fumando”. 

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